quinta-feira, 31 de julho de 2008

Silvia Renata

Durante séculos as mulheres foram reprimidas pelos homens, cenário que foi modificado com a Revolução Sexual. Hoje a situação se encontra totalmente invertida, as mulheres reprimem os homens.
E isso acontece desde o momento em que recebemos o nosso cromossomo Y, e uma mulher nos abriga em sua barriga por 9 meses. Só por causa dessa estadia, elas já pensam que são mais donas de nós do que o cara que nos passou o tal cromossomo. E assim começa a lavagem cerebral. Nossa sociedade está sendo criada por mulheres. Não são apenas as mães, são tias, avós, professoras e até mesmo desconhecidas. Você não pode fazer nada que já vem uma voz: “não coma com as mãos, menino”, “vai jogar bola de novo, menino?”, “arrotar é coisa de porco, menino”, “ô menino, vai botar uma roupa que temos visita”...
Mas somos como bactérias. Se não nos combaterem direito vamos ficando cada vez mais resistentes. Aprendemos a lidar com elas aos poucos. Dão bronca na gente, pedimos desculpas. Pede alguma coisa, prometemos que iremos fazer. Simplesmente sorrimos e concordamos. Mas continuamos ali, com aquele homem das cavernas em stand by, prontos para destruir a harmonia do universo.
E como disse, isso vai indo desde o começo da nossa vida. Crescemos um pouco e vamos pro colégio odiar as meninas. Crescemos mais um pouco e as amamos. Depois simplesmente suportamos. Temos que que ir nos adaptando para cada novidade.
Eu estava conseguindo levar até que bem esse jogo e minha vida ia seguindo seu ritmo, até eu conhecer Silvia Renata.
Cheguei atrasado, claro, e lá estava ela com o sorriso no rosto.
- Qual é seu nome?
- Fábio.
- Hum, seu horário não era 11 horas?
- É... Mas você sabe como é o trânsito nessa cidade né?
- Sei... Espere um pouco.
Depois de meia hora lendo Contigo, ela volta.
- Vamos lá, Fábio?
Juro que só de escrever essa frase e lembrar dela a falando me dá vontade de chorar. Maldita Silvia Renata, a fisioterapeuta mais sanguinária que já conheci.
- Ih Fábio, tá fraquinho hein!
Pensamento: Fraquinho? Ô maldição de mulher, você colocou dois quilos numa perna que dói só com a força da gravidade!
- Hehe, é que eu fiquei com ela imobilizada por um tempo.
Ela passa mais um exercício e me deixa só, naquele retângulo com duas divisórias, aquele lugar é o porão do Dops para mim.
E volta a torturadora.
- Pra que time você torce?
Pensamento: nenhum pensamento, naquela hora a dor era tanta que não conseguia pensar.
- Aaaaah... São Paulo, eu torço pro São Paulo.
- Que bom, se não fosse são-paulino eu ia colocar carga extra.
Pensamento: Morfina! Eutanásia! Eu quero qualquer coisa! Acabe logo com isso!
E cada vez ela é mais cruel. Dor, dor e mais dor somados àquela conversa jogada fora. Sim, seu joelho também doeu ontem, S.R.. É, só faltam algumas sessões. Verdade, quem mora sozinho é obrigado a aprender a cozinhar.
- Por hoje é só! Tá liberado. Até amanhã, Fábio.
- Até amanhã!
Pensamento: Case comigo!

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