sexta-feira, 25 de julho de 2008

Sóbrio

Nunca vi tanta gente bêbada dando entrevista. É um sem nome de perguntas do tipo “Você bebeu?”, ou “Você acha que pode dirigir assim?”. Aí o camarada faz uma palhaçada e o apresentador da aquela risadinha de “Ai que saudade dos meus vinte e poucos anos”. Os telejornais, aliás, nunca foram tão engraçados. E tão monótonos (lei seca – Dantas – lei seca).
A bebida ocupa um lugar privilegiado na escala de importância dos brasileiros. Por isso mesmo a falta da bebida despertou em todos um direito cívico que andava meio de lado – quem dera as pessoas se importassem tanto com a corrupção.
É lógico que a maioria sabe lidar com o álcool. Mas assim é viver em sociedade, temos que nos livrar de alguns prazeres por causa de uma ou outra ovelha negra.
Todo mundo sempre reclama de uma situação fora de controle, mas quando o governo pede a participação popular, a lei é criticada. Que espécie de democracia é essa que o povo está esperando?. Os Estados Unidos há pouco tempo atrás processaram dezenas de empresas de cigarro. Isso porque quem mais tarde tinha que pagar pelo estrago do produto eram os hospitais públicos. Agora, quando o governo brasileiro tenta algo semelhante, todo mundo torce o nariz. Chegaram a falar que essa lei seca é coisa de país nórdico, que ela não tem nada a ver com o Brasil.
Rigorosa ou não, as pessoas têm que entender a essência da lei. A questão de quantos miligramas pode ou não pode é irrelevante. No fundo, muita gente queria sua própria lei com um critério bem brando para nunca ser pego.
Seguindo a programação, o telejornal mostra agora um acidente causado por um motorista bêbado. Desta vez, a notícia vem acompanhada por um olhar de reprovação do apresentador.
Nenhum problema em beber. Essa cultura existe em grande parte do mundo, inclusive em países de primeiríssimo mundo. O que falta é a cultura de responsabilidade. Sem essa de sou brahmeiro, trabalho o dia inteiro e mereço beber e fazer o que eu quiser. Os outros não têm nada a ver com isso.

Nenhum comentário: