segunda-feira, 9 de março de 2009

a outra

"Diferente que só ela", é o que todos diziam. Desde pequena começou a juntar a dúzia de cicatrizes que carrega com orgulho pelas aventuras em sua vida.

Vivia, muito embora sentisse que faltava alguma coisa. De quando em quando, cerrava os olhos obstinada em encontrar a paz de alguns segundos de solidão.

Em sua vida não se encaixavam frases populares, até que conheceu Carlos na montanha. Sujeito diferente e indiferente.

Daí pra frente, a história é conhecida - ela não apareceu no primeiro encontro,a primeira vez que a mentira torna-se uma desculpa, a segunda tentativa... Entediante para quem nunca viveu algo parecido; interessante para quem viveu não sentir-se o único.

E no dia da segunda tentativa de primeiro encontro, faziam-se prontos todos os detalhes exigidos pela moça: jantar, na casa dele, vinho. O segundo bolo que Carlos levou o fez sentir-se um kamikaze. Atirando-se de cabeça em algo como nunca fizera antes. Talvez não fosse tão indiferente.

Liga a moça, horas depois dele ter apagado as velas aos berros, já com algumas taças na cabeça. Diz ao rapaz inverdades esdrúxulas que ele aceita de pronto.

Precisava de esperança. Ou, para alguns, precisava voltar para a realidade.

O apaixonado chegava e a garota fugia. Carlos, sempre, com um largo pedaço de bolo na mão.