terça-feira, 8 de julho de 2008

Ignorância

Respeito totalmente os chatos, mas futebol é essencial. Como será não apreciar esse esporte? - Comecemos chamando-o de esporte. Como será ser criança e não sonhar em fazer um gol no último minuto. Melhor ainda se for o gol do campeonato. Melhor ainda se for um gol de placa que termine com uma bicicleta. Não, chato, essa bicicleta é outra.
Não gostar de futebol é um erro – comecemos chamando-o apenas de erro – que entristece uma vida. A pessoa acha que não gosta e não sente falta. Mas, de repente, sua vida tem tudo aquilo que ele queria, tudo aquilo que ele nunca sonhou em conquistar, e mesmo assim falta algo. Falta o futebol. Então para tirar um pouco da alegria de viver dos amantes desse esporte (sic), ele diz: “são apenas 11 homens atrás de uma bola” – essa frase dói mais do que qualquer bolada. A partir desse ponto começa a doença.
Como será enxergar em um jogo de futebol apenas isso? Uma falta de criatividade imensa. Os doentes olham uma bola de futebol e não vêem nada além de um objeto esférico. Não têm a menor curiosidade de chutar ela pro alto ou arriscar um drible. Indo mais além, eles assistem a um gol monumental e permanecem inabaláveis. Chapéu, caneta, a pelota lá onde a coruja dorme (isso é que é repertório) e... nada. Nenhuma reação.
A partir desse ponto percebe-se que não se trata de uma doença, e sim de uma simples ignorância. Desse modo, O futebol, mais do que um esporte, é uma arte. E não se nasce apreciando Pablo Picasso. Da mesma forma, não se nasce apreciando um belo gol ou drible. Uma ignorância tão simples quanto a escolha de ser criminoso. Falta de informação. Como todo tipo de ignorância, ela é passada de geração em geração e limita o poder de visão do indivíduo. Penso eu que isso podia ser evitado desde os tempos de escola. Todos os dias vídeos de Pelé, Puskas, Cruyff, Garrincha, Sócrates... Maradona e Di Stéfano seriam opcionais -Mas isso é uma idéia minha. É questão de fazer um gol e sentir a alegria que isso dá. Torcer por um time e vê-lo ser campeão. E daí se é uma alegria boba? E daí se isso não vai mudar o panorama de miséria no mundo?

Um comentário:

Anônimo disse...

Primeiro: desde quando ser criminoso é uma escolha? Acredito mais que seja a falta dela. Segundo: vídeos de garrincha seriam interessantes, mas talvez aulas de filosofia e sociologia fossem mais (e surpresa! o que nosso querido governador fez com elas?). Terceiro: "E daí se isso não vai mudar o panorama de miséria no mundo?"...a pior miséria é a de espírito.