quarta-feira, 30 de julho de 2008

Fado tropical

Quem diria que de seu maravilhoso mundo, Alice discutia metaforicamente questões terrestres, mais especificamente questões sub-terrestres:

“Take some more tea,” the March Hare said to Alice, very earnestly.
“I’ve had nothing yet”, Alice replied in an offended tone, “so I can’t take more.”
“You mean you can’t take less,” said the Hatter: “it’s very easy to take more than nothing.”

Ah Alice, se Celso Amorim pudesse ao menos te ouvir; veria que não é a primeira vítima do cinismo de outrem. Mas no meio daquela confusão de interesses, que torna aquelas longas rodadas e todas aquelas discussões improdutivas tão patéticas, ninguém dá ouvido a ninguém. A frase da propaganda nazista “Uma mentira repetida mil vezes se torna verdade.” ilustrou bem as intenções dos países ricos. No fundo, a metrópole não admite rebeldia da colônia. Imagino os representantes comerciais dos EUA e UE, Susan Schwab e Jose Manuel Durão Barroso, numa conversa: “Que isso? Veja só Schwab, eles querem um acordo que os beneficiem!” “Haha...é realmente muita petulância, Durão.”

Agora todos tentam amenizar, inclusive Amorim, dizendo que todos perderam (alguns menos, outros mais) com a Rodada de Doha. Ora, não é preciso ser nenhum especialista em política externa para perceber que se os subsídios e os créditos agrícolas vão continuar; tarifas de exportação ou importação: nada vai mudar; barreiras fitossanitárias? cri...cri...cri ; etanol da cana-de-açúcar então...Enfim, os países pobres são os perdedores.

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