segunda-feira, 21 de julho de 2008

Adeus Dercy

Não esconderei que recebi a notícia com certo choque. Já estava muito nítido para mim que a Dercy tinha achado uma forma de conseguir a imortalidade, mas foi uma pneumonia que conseguiu derrubar essa mulher que viveu mais de um século.
O que não foi surpresa foi saber que uma das últimas coisas que essa senhora fez foi ir a um bingo clandestino. Imagino-a nesse bingo, mesmo com as desvantagens da idade avançada e ainda doente, proferindo palavrões a cada número sorteado que não lhe alegrasse.
Eu não faço planos para viver cem anos, na verdade acho que uns cinqüenta anos já sejam suficientes. Vamos considerar que com uns quatro, cinco anos de idade a gente já consiga ter algum entendimento que existimos. Então ficamos uns dez anos sem fazer nada. Depois disso, encontramos algumas “preocupações” que duram um período de três a cinco anos. Pronto, ai sim começa uma vida mais plena, com mais responsabilidade - claro que isso não serve para todos.
Se for assim, passam uns dezoito anos em que simplesmente estamos por ai, sem muita diferença. Após isso começamos a fazer parte do mundo de forma efetiva, se fizermos isso até os cinqüenta, serão trinta e dois anos dessa vida. Pra quem ficou dezoito sem fazer nada, parece ser suficiente.
Tem algumas pessoas que precisam, sim, viver mais que isso, mas são exceções que têm papel mais importante do que o resto dos mortais.
Eu mesmo já estarei cansado de tudo isso daqui a trinta anos. Estarei esperando minha pneumonia.

3 comentários:

grazi shimizu disse...

adeus dercy :/

Anônimo disse...

Nossa, retire tudo o que você disse. Que esperando sua pneumonia o que, moleque? Tá doido? Você ainda vai viver muito pra me aguentar...
Béris

Anônimo disse...

Dercy vestiu tarde o paletó de madeira.

Que Deus a tenha.


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