sábado, 2 de agosto de 2008

Vincente - Duchamp-me

Como é que um mendigo consegue passar num concurso público? Tem gente que consegue saltar o fosso que separa o Brasil dos brasileiros. Gosto de ler sobre o banco. Procurava saber sobre commodities, ouro. Parece que o economês não é tão difícil assim. Exposição do Duchamp. Será que é verdade que num quadro ele misturou sêmen à tinta? Deve ser mentira. Tanto tempo e a Débora não tinha perdido a mania de falar sobre o mais recente ex-namorado. Pensei que antes eu implicava com isso. Ciúme. Mas aquilo é um traço seu. Que coisa! Mas tem uma história de sêmen no chinelo que virou obra de arte e está até num museu.

Ah, a Antonieta também não mudou nada. Deve ser coisa de família. Não me diga para permanecer o mesmo. Foucault. Mas a Débora continuava gente boa. E inteligente. Era uma delícia também. Essas três coisas geralmente são excludentes. Mas do egocentrismo ela não escapou, às vezes era difícil suportá-la por isso. Também, como ela poderia achar que o mundo não girava ao redor de seu umbigo? É, mas não girava, coitada. Política...mais um escândalo envolvendo um empresário. Será que alguém já conseguiu ficar rico honestamente? E a mulher dele, usou uma coleira no carnaval com seu nome...tsc tsc. Meu Deus, o Duchamp. Eu sabia que aquele mictório não era sua maior loucura.


Vincente lia a revista e lembrava o filme na casa de Débora. Tinha sido bom, colocar o papo em dia. Durante o filme, ele disfarçava bem: tinha dito que não assistira, mas já o tinha. Comentários em algumas partes: meio sorrisos e entreolhares. Os dois tinham saído algumas vezes mas eram quase como acidentes; depois ela começou a namorar o último ex, o vestibular, e os dois se viram cada vez menos. Aproveitou também pra conversar com a mãe da menina e com a irmã, o pai não costumava chegar tarde, mas neste dia nem sinal: deixou um abraço pro seu Inocêncio.


Ele naquelas fotos jogando xadrez, ninguém suporia! A Denise continuava bem sem vergonha e linda (de uma beleza diferente da irmã. Débora era bonita, mas uma beleza normal, até cansada, gasta. Denise era de uma beleza angelical, ingênua, quase sem querer). Angelical, mas, uma vadia, sem eufemismos. Só os pais e a irmã não percebiam suas insinuações. Nem quando eu estava enrolado com a sua irmã ela perdoava. Algumas vezes precisava sair do quarto da Débora de madrugada e ela na sala, assistindo televisão só de calcinha. Vadia, fazia questão de se levantar pra me dar tchau. Que moralista! Haha, pobrezinha, era verão, há que se considerar. Ah amanhã o trampo é tranqüilo. Graças a Deus


Vincente era quase um ateu materialista, mas vivia agradecendo ou atribuindo acontecimentos a Deus, força de expressão. Pegou no sono.

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