segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sobre jardins e lixos

Alan estava cansado. Queria olhar pela janela, mas sabia que a realidade por trás daquele vidro embaçado não iria agradar.
Não agüentou e deu uma leve puxada na cortina. Correu lentamente os olhos pelo gramado e lá no fim estava o lixo. Não era seu lixo, esse era o problema. Alan passou a separar seu lixo, entregava para a coleta seletiva. Mas por algum motivo as pessoas traziam os lixos delas para seu jardim.
As pessoas que ali passavam tinham como primeira imagem aqueles sacos de material em decomposição, o jardim de Alan não era sequer olhado pelos transeuntes. Ele ia até lá quando o Sol já não era mais o seu holofote natural, tirava aquele lixo dali, limpava o churume que corroia sua calçada e regava seu gramado.
No dia seguinte lá estava o lixo novamente. Alan já não agüenta mais isso. Por que? Por que as pessoas tinham que trazer mais lixo para alguém que já o tem, mas aprendeu a dar um jeito nele? Por que cada um não cuida de seu lixo? Você produziu o seu lixo, por que eu teria que ficar com ele na minha porta?
A solução para Alan parece ser simples. Não irá mais deixar o seu jardim à vista das pessoas. Irá erguer ali um muro alto, que esconda tudo dos outros. Não mais verão jardim ou lixo.
E Alan não terá que tratar com a podridão dos outros.

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