quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Viajante

Quero tomar o timão desse barco. Deixar ele à própria sorte já não me satisfaz. Fazer a viagem até aqui à deriva fez com que eu não me cansasse, mas enquanto eu não começar a guiar esse barco o meu destino ficará cada vez mais longe.
A diversidade de opções é sempre muita: velas, ventos, correntes. Mas tenho que decidir, escolher a opção que me leve mais rápido e em segurança.
Enquanto o barco rasga o mar, a palavra “Vida” escrita nele recebe os socos das ondas e luta para manter seu equilíbrio. O vento que parece ser apenas um detalhe da vida terrestre torna-se a força que me guia.
A sincronicidade das correntes com o vento, e até entre elas, pode mudar minha trajetória. Ou me manter mais firme nela.
As tempestades ocasionais trazem a vontade de rasgar todos os mapas. A falta delas também me dá essa vontade.
Talvez eu simplesmente não possa guiar meu próprio navio e precise de alguém para isso. Talvez a tripulação que carrego não seja mais suficiente.
Agora você encontrou essa carta dentro de uma garrafa. Agora eu posso estar em qualquer lugar desse mundo. Em meu destinou. Ou ainda perdido na imensidão desse mar.

2 comentários:

grazi shimizu disse...

se precisar de ajuda... sou péssima em direção [ainda mais de barcos], mas a viagem fica mais divertida com companhia =)

Antônio Sozinho disse...

"Deram com o corpo de Pedro, jogado na praia, roído de peixe, sem barco, sem nada, num canto bem longe lá do arraiá/ pobre Rosinha de Chica, que era bonita, agora parece que endoideceu/ Vive na beira da praia, olhando pras ondas, andando, rondando dizendo baixinho "morreu, morreu, morreu"/ o mar quando quebra na praia, é bonito"