segunda-feira, 8 de setembro de 2008

sobre postais

Era manhã de domingo e, como de costume, ele foi comprar pães e o jornal. Ao chegar na banca, encontrou pendurado um expositor de cartões postais que jamais havia reparado. Imaginou que já estava ali há bastante tempo pelo amarelado do plástico.
Correu os olhos por aquelas imagens que traziam lembranças de algumas viagens e parou quando encontrou o postal de um lugar que nunca tinha visto tampouco escutado a respeito.
A foto mostrava uma árvore florida, um balanço e um lago ao fundo. Ele olhou, fechou os olhos e imaginou como seria bom estar ali algum dia. Acabou levando somente o jornal, mas a lembrança daquele postal ainda iria lhe acompanhar.
Continuou em sua rotina até o dia que surgiu a chance: iria atrás daquele lugar. Estava decidido a arriscar-se pela perigosa estrada que o levaria, o risco parecia valer a pena. Tomou coragem, se preparou e foi.
Chegou e logo estava vendo aquela bela imagem do postal. As flores da árvore caiam aos poucos com o vento que também fazia o balanço se movimentar lentamente. O lago transmitia uma sensação de calma que poucas vezes sentira.
Mas ao olhar para trás, encontrou uma cidade ainda mais feia do que aquela da onde partiu. Não conseguiu se imaginar feliz ali. Não foi para isso que ele correra tantos riscos. Não deixaria tudo para trás por uma única paisagem se o resto estava em ruínas. Mais uma vez, foi enganado por uma imagem bonita, assim como talvez outras imagens não tão bonitas o tenham afastado de lugares que lhe cativariam.
Mas ele não pensou nisso, voltou para sua cidade disposto a não acreditar em mais nenhuma imagem. Ali, seguiu comprando seus pães e jornal, até seu último domingo.

Nenhum comentário: