Ricardo era muito corajoso. Mas as outras pessoas não sabiam disso. Não que ele fosse um exibido ou precisasse mostrar que era corajoso pra ganhar um lugar na roda-gigante que esmaga os perdedores. Não. Ricardo desejava mostrar que era corajoso para instigar outras pessoas a também cometerem atos corajosos. Desconfiava que o Medo estabelecera uma ditadura. O medo paralisava as pessoas; precisava cortar a cabeça da medusa e ele seria Perseu.
Quando assistia filmes com sua namorada, nas horas que o herói se arriscava para salvar a mocinha ele vibrava. Achava aquilo muito excitante. Uma vez até pensou em jogar a namorada na jaula de um leão só pra depois pular lá dentro, lutar com o animal e resgatar a dama. Mas conteve-se. Além do que o leão do zoológico era tão magro e anêmico que seria uma covardia bater nele. E isso: co-var-dia; Ricardo não admitia. Sentia ódio dos covardes.
Um dia, Ricardo passeava com sua namorada na praça. Já estava anoitecendo. Mas Ricardo não temia a noite. Sua namorada nem tanto corajosa, advertia para que voltassem. Mas ele queria dar mais uma volta na praça. Quando dobraram a esquina do velho Carvalho deram de cara com dois elementos. Ricardo empalideceu. Um deles puxou uma arma. As pernas de Ricardo bambearam. Cala boca e passa a bolsa vadia! Antes do dia de va-dia, Ricardo arrancara a bolsa e dera aos bandidos. Os dois riram do pânico do menino e saíram tranquilamente. Olha aqui sua vagabunda, se você contar alguma coisa do que houve aqui, eu te mato, ouviu? M-A-T-O. Ricardo era um covarde. Mas as outras pessoas não sabiam disso...
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
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