segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ricardo era muito corajoso. Mas as outras pessoas não sabiam disso. Não que ele fosse um exibido ou precisasse mostrar que era corajoso pra ganhar um lugar na roda-gigante que esmaga os perdedores. Não. Ricardo desejava mostrar que era corajoso para instigar outras pessoas a também cometerem atos corajosos. Desconfiava que o Medo estabelecera uma ditadura. O medo paralisava as pessoas; precisava cortar a cabeça da medusa e ele seria Perseu.

Quando assistia filmes com sua namorada, nas horas que o herói se arriscava para salvar a mocinha ele vibrava. Achava aquilo muito excitante. Uma vez até pensou em jogar a namorada na jaula de um leão só pra depois pular lá dentro, lutar com o animal e resgatar a dama. Mas conteve-se. Além do que o leão do zoológico era tão magro e anêmico que seria uma covardia bater nele. E isso: co-var-dia; Ricardo não admitia. Sentia ódio dos covardes.

Um dia, Ricardo passeava com sua namorada na praça. Já estava anoitecendo. Mas Ricardo não temia a noite. Sua namorada nem tanto corajosa, advertia para que voltassem. Mas ele queria dar mais uma volta na praça. Quando dobraram a esquina do velho Carvalho deram de cara com dois elementos. Ricardo empalideceu. Um deles puxou uma arma. As pernas de Ricardo bambearam. Cala boca e passa a bolsa vadia! Antes do dia de va-dia, Ricardo arrancara a bolsa e dera aos bandidos. Os dois riram do pânico do menino e saíram tranquilamente. Olha aqui sua vagabunda, se você contar alguma coisa do que houve aqui, eu te mato, ouviu? M-A-T-O. Ricardo era um covarde. Mas as outras pessoas não sabiam disso...

Nenhum comentário: