quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A Lagartixa Selvagem

Mais um árduo dia chegava ao fim. Era tomar um bom banho e dormir. Acendi a luz do banheiro e me aproximei do box, foi quando percebi uma estranha movimentação lá dentro. Uma lagartixa percorria todo o perímetro retangular correndo e tentando escalar as paredes, sem sucesso. Deve ser uma lagartixa velha, pobrezinha, suas patinhas perderam a aderência e não consegue mais subir nas paredes, pensei. Fiquei com pena, além do que a pobre se assustara tanto comigo que estava ofegante de tanto correr, fiquei com medo de que seu coraçãozinho não agüentasse e tivesse um piripaque, não suportaria conviver com esse fardo, ter matado a coitada. Tentei acalmá-la mas ela parecia ficar cada vez mais nervosa, me olhava com aqueles olhinhos brilhantes e vesgos em cima da cabeça que davam mais pena. Entrei no box pra tentar ajudá-la com uma pazinha-maca afim de levá-la de volta ao seu habitat. Foi quando ela revelou sua verdadeira natureza. Mal entrei, ela avançou sobre mim mostrando as garras e as presas sedentas de carne. Num reflexo, pulei fora do box e fechei a porta de vidro, que ficou marcada pela violência das garras e presas.

Recuperado do susto, encarei-a através do vidro. Ela dava voltas inquieta. Asquerosa. Foi então que minha natureza humana mostrou porquê está no topo da cadeia evolutiva: corri pegar uma vassoura. De arma em punho entrei no banheiro tal um cruzado na conquista do meu espaço sagrado invadido por um réptil pegajoso. Mas ela não estava mas lá. Que estranho. Porém, não me precipitei. Peguei um balde com água e joguei lá dentro. Era uma armadilha! Ela havia se escondido num ponto cego do box. Quando viu a onda de água em sua direção subiu na parede. Eu sabia que era fingimento, ela não era velha coisa nenhuma...Quando viu a vassoura assustou-se. As vassouras são as arquiinimigas das lagartixas. Das baratas, também. Ela correu até o vitrô. Prensei-a na parede e ela caiu. Quando se viu acuada atacou-me num tudo ou nada. Confesso que recuei (mas apenas um passo). Ela ganhou terreno e pode preparar a fuga. Deixei que escapasse num ato misericordioso.

2 comentários:

grazi shimizu disse...

nunca tenha dó desses monstros quadrupedes;

Anônimo disse...

haha. mto bom!
e ainda bem que vc deixou escapar, hun.
mas, isso não era lagartixa, era um filhote de jacaré!