sábado, 13 de dezembro de 2008

(sem título)

Boa tarde! na verdade: boa tarde.; tinha o costume de cumprimentar as pessoas na rua, não que saísse por aí distribuindo saudações, mas pelo menos olhava nos olhos das outras pessoas e dava um sorriso. O boa tarde., quando saía, era sem exclamação mesmo. Achava que o Boa tarde! soava meio falso, principalmente, quando dirigido a pessoas desconhecidas. Também porque alegria exagerada incomodava um pouco, a si mesmo, e achava que podia incomodar aos outros. Não porque os outros fossem uns invejosos, mas pessoas demasiadamente alegres lhe pareciam meio patéticas, hipócritas...Alguma coisa como Aquele que ri apenas não recebeu ainda a terrível notícia. No fundo, sabia que entre o yin yang das dicotomias que se equilibram no mundo, numa transformação heraclitiana, a tinta preta da tristeza acabava vazando um pouco sobre o branco da felicidade.
(Por que atribuir o negro à tristeza não sabia, quer dizer, imaginava. Velório e outras coisas...Quando não sabia ao certo os motivos atribuía à cultura ou idiossincrasias. Mas o negro combina mais com a tristeza mesmo, ou não?)
(esse ou não foi apenas para eximir-se da responsabilidade conferida pela afirmação o negro combina mais com a tristeza mesmo)

Continuou seu caminho até a padaria.

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