quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal em Família

Depois de muito pensar, decidiu fazer vinagrete. Era mesmo uma pessoa desprezível. Cada um levava um prato para a ceia, e ele decidiu fazer o prato mais fácil e mais sem graça. Coisa de gente desprezível. Mesmo assim, estava hoje uma pessoa melhor.
Pôs a mesa e esperou os convidados. Meia hora mais tarde, chegavam os outros três integrantes do jantar: uma mulher, o marido e a filha.
A filha era ainda pequena, 6 anos. O pai e a mãe, mais velhos, haviam se casado há pouco tempo e já desprezavam o anfitrião. Esse nervosismo de ambos devia-se em grande parte ao fato de a mulher ter sido abandonada pelo antigo marido, em plena gravidez da menina. Antigo marido esse que agora oferecia o jantar de natal.
Era o primeiro natal que aceitavam o convite do anfitrião. E não é nem necessário dizer que a noite transcorreu aos trancos e barrancos. O jantar, muito tenso e desconfortável, como é muito comum nos jantares em família.
Apesar de toda gritaria, e do nervosismo descontado no frango que substituía o peru, o desprezível estava alegre. Seus olhar não desviava da menina que tinha herdado seus olhos.Esquecia agora, do ódio que nutria por tudo que envolvia o natal, ódio das frutas importadas e dos programas melosos na televisão. Quer dizer, continuava odiando esses detalhes, mas pensava em como o natal era uma data única.
Somente naquela época podia oferecer sua companhia. E as pessoas se esforçavam para tolerar tudo aquilo que o tornava tão insuportável. Seria muito ingenuidade o rapaz querer isso para todo o ano. Aquela data era única. Diferente dos jantares de páscoa, do dia da bandeira e de carnaval.

Feliz Natal a todos os leitores!

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