terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Constrangidos

Era começo de ano quando ela, no final de uma festa, caiu embriagada no sofá. Lá estava um oportunista que pôs fim à longa fidelidade que a menina tinha por seu namorado. Como a festa era dada por um amigo em comum, não demorou para que o traído fosse avisado sobre o ocorrido.
Durante o ano inteiro existiu, então, um clima tenso quando os dois se cruzavam nos corredores. O ambiente ficou pesado para ambos. Como em uma guerra, os dois lados possuíam grupos aliados e grupos inimigos.
Logicamente, do ponto de vista masculino, o namorado saiu com a reputação mais arranhada. Sempre havia os maldosos, que, com um ou outro apelido, estavam prontos a lembrá-lo de que havia sido traído publicamente. E aquilo era uma tortura de fácil aplicação, bastava conhecer a história daquela noite. Sendo assim, os comentários constrangedores perseguiram o rapaz por muitos e muitos meses.
Os ex-namorados se falaram, enfim, na festa de formatura. Ela, direto ao assunto, explicou o que tinha acontecido. Ele foi determinado:
-Você vai precisar implorar de joelhos.
E, sem maiores problemas, a festa correu.
Quando a música já invadia o amanhecer, a menina subiu ao palco e pediu o microfone. A festa, paralisada, observou o choro e os suplícios da garota.
Ao final do discurso, ela andou devagar em direção ao rapaz, que bebia do outro lado do salão. Como se quisesse que a festa inteira observasse o reencontro, abraçou lentamente o antigo namorado. Ele beijou-a no rosto, no pescoço e no lóbulo do ouvido. Então disse:
-Agora some daqui.

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