quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Viúva-Negra

“Triste que só ela”, é o que todos diziam. Ainda pequena tinha umas olheiras nefastas, como alguém que já passou por demasiadas tristezas na vida.
Vivia na fossa, muito embora nunca tivesse namorado. Encerrava-se em seu quarto como uma solitária obstinada.
Sendo assim, Maomé foi à montanha. Carlos era o nome dele. Vizinho também tímido, mas insistente.
Daí pra frente, a história é conhecida (e entediante) – primeiro encontro, namoro, noivado... O interessante é que veio a seguir.
No dia do casamento, faziam-se prontos todos os detalhes exigidos pela moça: a banda, o guardanapo, as flores. O bolo de casamento, então, parecia um World Trade Center que hora ou outra haveria de cair.
Chega a moça, horas antes da celebração, aos prantos e vestida de luto. Comunica ao noivo que não haveria mais casamento. Precisava de seu espaço. Ou, para alguns, precisava voltar para sua antiga infelicidade.
Os convidados chegavam e logo partiam, com um largo pedaço de bolo na mão.

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