quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Achados e Perdidos

Branco. Branco por todos os lados. Era só isso que ele via no hospital, um frio e patético branco. Como se aquela cor fosse capaz de trazer paz às angustias dos doentes e de suas famílias.
Na verdade, ele estava agora mais do que nunca desconsertado. Andava pelo hospital como se fosse um sonâmbulo perdido. O primo de segundo grau morrera às 10h. O sol já começava a se pôr, e o sonâmbulo ainda não entendia se estava na sala de cirurgia ou no elevador.
Não que o falecido fosse seu ente mais querido, mas o médico prometera que a cirurgia era rotineira. Desse modo, a morte surpreendeu a todos.
Fazia o chaveiro bambolear no seu dedo indicador. Era uma mania que tinha desde criança. Com a brincadeira, se perdia cada vez mais no labirinto do hospital.
Encontrou em uma das salas uma senhorinha pálida. Com um ar solitário e de intensa dor. Uma dor muda e sem esperança. Estava na UTI. Começava a entender. Entendeu quando viu o médico cabisbaixo olhar sua paciente.
Não havia ninguém em volta da doente. Nenhuma flor. Sobre a mesinha, nenhuma carta desejando melhoras.
Sentou-se na cadeira destinada aos acompanhantes. Deu um tapinha na mão da enferma e disse:
- Coragem!

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