terça-feira, 21 de julho de 2009

Foi uma vez que eu estava esperando ônibus para ir à faculdade. Esperava há mais de vinte minutos e quando cheguei outro sujeito já estava lá. Vi que ele estava meio inquieto, andava de um lado pro outro e quando um ônibus parava no ponto ele quase se jogava na frente (não necessariamente nessa ordem). Eu pensei que o cara fosse meio louco e fiquei na minha. Até que passou o meu ônibus e ele se jogou na frente. A pancada não foi tão forte, afinal o ônibus vinha desacelerando, mas deu pra machucar um bocado o sujeito. Aí foi aquele auê. A ambulância veio e quando um paramédico perguntou se alguém ali o conhecia, não sei por que eu disse que sim e acabei indo com ele pro hospital. Mais pra alguém levá-lo para casa depois, as escoriações não iriam exigir tamanhos cuidados. Enfim, acabei levando o sujeito pra casa (chamei um táxi...). Ele me confessou o por que daquilo tudo. Ficara sabendo da traição da esposa e queria se matar. E o cara estava perturbadíssimo mesmo, não só por tentar se matar, mas por tentar isso se jogando na frente de um ônibus, num ponto de parada de ônibus. Ele contou que se jogaria na frente de todos, pelo menos um não pararia. E não seria necessário outro. Ele disse que assim colocava a vida nas mãos do destino mesmo, de verdade. E que apenas através de alguma intervenção – por exemplo um passageiro precisando descer no ponto e consequentemente fazendo o ônibus parar – a vida dele continuaria. Se precisasse seguir o fluxo natural, o fluxo natural era o ônibus não parar, a vida dele acabaria. Ele não disse e eu também não quis perguntar, mas quantas vezes será ele pretendia testar o destino? No fim achei até interessante esse pensamento dele. Mas o que eu ia dizer, é que depois do hospital acabamos num bar. Bebemos um monte e depois eu deixei o Almir na casa dele num dos subúrbios daqui. Encontrei-o ainda algumas vezes depois do incidente, conversamos, ele estava melhor e havia perdoado a mulher. Faz um bom tempo que não o vejo.

Nenhum comentário: